História de uma gata
Enriquez - Bardotti - Chico Buarque/1977
Para o musical infantil Os saltimbancos
"Me alimentaram
Me acariciaram
Me aliciaram
Me acostumaram
O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé...de gato
Me diziam, todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás
De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás"
quinta-feira, abril 28, 2005
quarta-feira, abril 27, 2005
Gente anêmica e preguiçosa
Suco de beterraba com laranja. Fígado acebolado. Couve-flor. Inhame. Feijão, etc, etc, etc. Tenho consciência, ou melhor, tenho todo cardápio na lateral da minha geladeira, mas a questão é mais complicada que essa, chama-se, preguiça. Preguiça, sim, me desculpem. Mas, chegar em casa, organizar a bagunça, fazer almoço, estudar...é melhor um copo de leite com bolachas e lona. Eu diria que é uma situação inversamente proporcional, quando menos como coisas saudáveis, mais fico indisposta, conseqüentemente, quase nunca faço coisas saudáveis, com exceção do almoço. Estou escrevendo esse diário do anêmico, porque todos do meu trabalho tiraram a semana para regular minha alimentação. Colegas e chefinha, prometo fazer o possível para deixar a preguiça de lado. As farras já são privilégios dos finais de semana, exceto data especiais, o que já é um bom começo, não?! Mas o melhor de toda essa conversa é que hoje terei um jantar maravilhoso.
quinta-feira, abril 14, 2005
Necessidade do olhar
Ah se você soubesse como sua voz me faz bem, como preciso das tuas palavras de carinho e preocupação. A falta que sinto é inevitável, por mais que não me veja vivendo novamente ao teu lado. Sinto falta de tudo que você me proporcionava, desde dos momentos de puro amor até as horas de cobranças. Agora tenho minha casa, minhas contas, minha vida, meus problemas, junto aos seus, é claro, pois eles se ramificam como uma herança indesejável. Mas, por trás de todas essas responsabilidades e irresponsabilidades, ainda sou uma menininha que precisa do seu olhar. Parece que você sabe o momento que mais preciso do seu amor. Preciso deitar no seu colinho, para acalmar minhas angústias, sentir que tudo anda bem, esconder minhas lágrimas e revelar apenas o meu sorriso. Preciso dizer o quanto te amo. Obrigada, minha mãe. Você sempre me surpreende. Amo você.
quarta-feira, abril 13, 2005
E agora?
Igualdade e liberdade, essas foram as promessas de um novo mundo, da modernidade. Mas, cá estamos, consumidos por um abismo de diferenças socio-econômica e de oportunidades,aprisionados no consumismo da corpolatria. A mídia diz o que vestir, o que comer, como ser pai e mãe, e até como ser sexual. Livros de auto-ajuda e adjacentes são os top 10, como se fossem receitas para uma felicidade inatingível. Inatingível é a questão, mas frente a essa impossibilidade de felicidade-receita, ao vazio inexplicável, surge o sofrimento e a falta de esperança quando não se consegue ser ou ter o que querem de nós.
A falta é inerente, mas a não aceitação é infortúnia. Se todos sentissem dor num desejo de não senti-la, mas não, não queremos dor nenhuma, não queremos sentir angústia. Queremos um mundo de novelas, com finais felizes. Queremos remédios para acordar, bebidas para dormir e alguém para consolar.
Queremos uma realidade maquiada para não enfrentar a obscuridade do nosso eu. Queremos e somos alienados nessa sociedade que não enxerga nossa subjeividade, mas apenas o espetáculo. Mas se somos um Zé Ninguém, se não temos um show de Truman? Ou vivemos como Alice no país das maravilhas televisivas ou aceitamos nossa condição e buscamos compreender a essência das nossas angústias, medos e desejos.
A falta é inerente, mas a não aceitação é infortúnia. Se todos sentissem dor num desejo de não senti-la, mas não, não queremos dor nenhuma, não queremos sentir angústia. Queremos um mundo de novelas, com finais felizes. Queremos remédios para acordar, bebidas para dormir e alguém para consolar.
Queremos uma realidade maquiada para não enfrentar a obscuridade do nosso eu. Queremos e somos alienados nessa sociedade que não enxerga nossa subjeividade, mas apenas o espetáculo. Mas se somos um Zé Ninguém, se não temos um show de Truman? Ou vivemos como Alice no país das maravilhas televisivas ou aceitamos nossa condição e buscamos compreender a essência das nossas angústias, medos e desejos.
quarta-feira, abril 06, 2005
Minha boa e velha Jaqueira
Tinha esquecido como é bom caminhar e correr entre as árvores da jaqueira. Como me sinto bem quando estou sozinha com meus pensamentos. Embora várias pessoas caminhassem e corressem ao meu lado, nada tirava minha atenção em mim mesma. Nada de narcisismo, apenas um mergulho nos meus sentimentos. Entre uma respirada profunda e outra esse mergulho era mais intenso. É impressionante como o mais diversos assuntos passam por minha cabeça, do mais simples ao mais complexo e questionador. Quando queria descansar minha mente desse turbulento encontro, ficava observando as pessoas e imaginando os pensamentos de cada uma. Porém, não conseguia me concentrar nelas, pois meu “eu” me chamava a todo tempo para conversar. O cheiro do verde, o vento e até o calor do meu corpo me ajudava a estabelecer esse monólogo construtivo e inquietante. Realmente preciso fazer isso mais vezes. E se alguém quiser me acompanhar, vou adorar. Só não me leve a mal se eu ficar muito tempo calada, pois tenho asma e não posso falar e correr ao mesmo tempo.
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