segunda-feira, novembro 26, 2007
quinta-feira, novembro 01, 2007
Reencontro
Colocara o vestido com leveza de mãos infantis. Caminhou delicadamente sobre o chão frio, tateando o ar para não esbarrar nas esculturas espalhadas pela sala. Procurou o cigarro com mãos tremulas de desejo e o ascendeu escondida nos fundos da casa, para não deixar a fumaça retirar o cheio da paixão que ficara no quarto. Seu homem, assim o sentira, dormia profundamente, após um gozo de vida que beirava a morte, enquanto ela revivia cada cena daquela noite.
Até então, ela nunca conseguira deixar os espasmos entre suas pernas se prolongarem após a cama. Sempre morriam nos lençóis.
Surpreendida pelo seu corpo e desejo, a cada trago tinha a sensação que poderia morrer ali, feliz.
Risos silenciosos saíram pela sua face, invadindo todos os cômodos da casa e se misturando a uma leve vontade de chorar. O choro da [re]descoberta, do despertar, do [re]encontro.
[Re]encontro com a felicidade, que parecia ter sido exilada daquele peito, sem sinal de regresso. Felicidade ao ver sua cama acolhendo o homem desejado. Por saber que poderá dormir e acordar sem a impressão que ele desaparecerá no meio da madrugada, deixando apenas cheiros e desilusões. Felicidade por sentir prazer e não arrependimento após a entrega.
Felicidade em acreditar que aquela noite poderá ser dias. Por está fora da cama e mesmo assim se ver ao lado dele. Felicidade por, mesmo tendo a certeza do futuro incerto, vivenciar o presente sem os medos do passado. Felicidade, ainda maior, por ela. Por ter voltado a sonhar acordada.
Até então, ela nunca conseguira deixar os espasmos entre suas pernas se prolongarem após a cama. Sempre morriam nos lençóis.
Surpreendida pelo seu corpo e desejo, a cada trago tinha a sensação que poderia morrer ali, feliz.
Risos silenciosos saíram pela sua face, invadindo todos os cômodos da casa e se misturando a uma leve vontade de chorar. O choro da [re]descoberta, do despertar, do [re]encontro.
[Re]encontro com a felicidade, que parecia ter sido exilada daquele peito, sem sinal de regresso. Felicidade ao ver sua cama acolhendo o homem desejado. Por saber que poderá dormir e acordar sem a impressão que ele desaparecerá no meio da madrugada, deixando apenas cheiros e desilusões. Felicidade por sentir prazer e não arrependimento após a entrega.
Felicidade em acreditar que aquela noite poderá ser dias. Por está fora da cama e mesmo assim se ver ao lado dele. Felicidade por, mesmo tendo a certeza do futuro incerto, vivenciar o presente sem os medos do passado. Felicidade, ainda maior, por ela. Por ter voltado a sonhar acordada.
Roberta Valentim
quinta-feira, outubro 25, 2007
terça-feira, outubro 16, 2007
quinta-feira, outubro 11, 2007
terça-feira, outubro 02, 2007
Cacaso, o poeta.
"Ah!
Ah, se pelo menos o pensamento não sangrasse!
Ah, se pelo menos o coração não tivesse memória!
Como seria menos linda e mais suave minha história"
(Cacaso)
Ah, se pelo menos o pensamento não sangrasse!
Ah, se pelo menos o coração não tivesse memória!
Como seria menos linda e mais suave minha história"
(Cacaso)
quarta-feira, setembro 26, 2007
um pouco disso, um pouco daquilo.
Delivery.
De Tati Bernardi.
Tati Bernardi é cronista do Blônicas e autora do livro "A mulher que não prestava".
De Tati Bernardi.
Tati Bernardi é cronista do Blônicas e autora do livro "A mulher que não prestava".
sexta-feira, setembro 21, 2007
Ela balançara no trapézio por horas e horas. O azul colado no corpo reluzia nos pequenos cristais espalhados no picadeiro. Suas pernas enroscadas pareciam tentar abraçar seus apelos, evitando que eles deslizassem sobre sua pele junto com o suor. Sozinha no céu imaginário tentava controlar seus medos, da vida e da morte. Suas mãos que sempre foram firmes, diferente do seu coração, que ora dançava forte, ora desfalecido, se mostraram frágeis, inseguras. Anos de exercícios, para não deixar seu íntimo dominar o espetáculo, esvaíram no trocar de mãos. E seu corpo pareceu flutuar, até deitar no chão e, por um segundo, a face corar.
Roberta Valentim
terça-feira, setembro 18, 2007
quinta-feira, setembro 06, 2007
momentos
Ela passou dias olhando o jardim do vizinho esperando o abrir das flores.
Ele passou dias levando flores no olhar sem ser notado.
Ele passou dias levando flores no olhar sem ser notado.
Roberta Valentim
segunda-feira, agosto 27, 2007
P. Leminski
"Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança:
estar sempre alegre,
nunca ficar inativo
e chorar com força por tudo o que se quer."
estar sempre alegre,
nunca ficar inativo
e chorar com força por tudo o que se quer."
quinta-feira, agosto 23, 2007
terça-feira, agosto 14, 2007
Ventura
Dentro do ônibus ela observara a chuva lavar as janelas empoeiradas e molhar os pés, vestidos de chinelos e sofrimento, das pessoas daquele vilarejo. Cada solavanco na estrada velha e cindida a remetia aos seus dias e noites intermináveis de vazio, buracos. Assustadoramente, o lugar em que iria passar seis meses da sua vida se mostrou, naquele momento, um retrato do seu presente. Frio, molhado, triste, desfigurado.
Com o peito repleto de angústia e solidão colocou seus pés, semelhantes e tão distintos das outras pessoas, na pequena Ventura.
A chuva parecia não ter fim, causando um estranhamento na moça da cidade. Pois, como poderia chover tanto no sertão do Pajeú? Sem procurar compreender o que a natureza revelava, desceu pelas ruas encharcadas se deixando molhar sem ressalvas pela água inesperada. Caminhara trinta minutos sem pensar um segundo o que seria dos seus dias, da sua vida dali para frente.
Ao chegar ao quarto que seria sua morada, sentira algo que há tempos não experimentava. Inexplicavelmente, o nó que se tornou parte do seu peito havia se desfeito. Com as mãos tremulas, por não entender o que acontecera, acendera um cigarro e o prazer do trago voltou como no passado. Um, dois, três cigarros não foram o bastante para que a jovem percebesse o que acabara de acontecer.
Sentada ao pé da janela, com as faces coradas pelas revelações que se pronunciavam, chorou.
Eram lágrimas doces que deslizaram até seus lábios ressecados, como se o amargo do seu ser tivesse sido banido, lavado pela chuva. O sal da lágrima, que sempre criava uma gota branca na beira dos seus olhos, não apareceu. O gosto era suave e a sensação de tranqüilidade sinalizava um adeus ao seu sofrer.
As lágrimas não cessavam, acompanhadas de risos, soluços e reflexões. Assim como a chuva inusitada na terra seca, ingrata, o choro descontrolado anunciava, gritava a boa nova. Ventura!
Com o peito repleto de angústia e solidão colocou seus pés, semelhantes e tão distintos das outras pessoas, na pequena Ventura.
A chuva parecia não ter fim, causando um estranhamento na moça da cidade. Pois, como poderia chover tanto no sertão do Pajeú? Sem procurar compreender o que a natureza revelava, desceu pelas ruas encharcadas se deixando molhar sem ressalvas pela água inesperada. Caminhara trinta minutos sem pensar um segundo o que seria dos seus dias, da sua vida dali para frente.
Ao chegar ao quarto que seria sua morada, sentira algo que há tempos não experimentava. Inexplicavelmente, o nó que se tornou parte do seu peito havia se desfeito. Com as mãos tremulas, por não entender o que acontecera, acendera um cigarro e o prazer do trago voltou como no passado. Um, dois, três cigarros não foram o bastante para que a jovem percebesse o que acabara de acontecer.
Sentada ao pé da janela, com as faces coradas pelas revelações que se pronunciavam, chorou.
Eram lágrimas doces que deslizaram até seus lábios ressecados, como se o amargo do seu ser tivesse sido banido, lavado pela chuva. O sal da lágrima, que sempre criava uma gota branca na beira dos seus olhos, não apareceu. O gosto era suave e a sensação de tranqüilidade sinalizava um adeus ao seu sofrer.
As lágrimas não cessavam, acompanhadas de risos, soluços e reflexões. Assim como a chuva inusitada na terra seca, ingrata, o choro descontrolado anunciava, gritava a boa nova. Ventura!
Felicidade assim se faz, em qualquer lugar, basta deixar escorrer o que te faz padecer.
Roberta Valentim
terça-feira, agosto 07, 2007
quarta-feira, agosto 01, 2007
sexta-feira, julho 20, 2007
Eles são...
Eles são
braços
pernas
olhos
ouvidos
boca
e
sentimento
amigos
são.
braços
pernas
olhos
ouvidos
boca
e
sentimento
amigos
são.
para vocês que amo tanto
Roberta Valentim
quinta-feira, julho 05, 2007
Quando a espera cansa e as lembranças perduram
Não há nada mais melancólico do que lembranças de amores passados enquanto os futuros não vêm. Lembrar das primeiras falas ao telefone. Daqueles deliciosos joguetes de quem desliga primeiro, de quem ama mais. Da espera da ligação esperada. Da surpresa da inesperada. Das mensagens que tiram sorrisos. Dos sorrisos que exalam verdade. Lembranças da saudade por causa de um mísero dia distante. Da angustia da incerteza do amor. Ah, essa incerteza! Como ela é bem-vinda quando se tem certeza por não existir amor. Lembrança do anoitecer e amanhecer juntos. Do café na cama. Do cheiro na roupa. Das brigas dolorosas. Das pazes saborosas. Lembrança do constrangimento ao conhecer a família do rapaz ou da mocinha. Lembrança do cuidado das enfermidades. Das horas ao lado perguntando se está doendo. Lembrança das saídas com os amigos. Das ligações na madrugada mascaradas de saudade. Lembranças das horas perdidas no espelho para escutar elogios. Das horas preparando um jantar. Com ou sem velas. Com ou sem vinhos. Lembrança dos jantares e das sobremesas. Da pressa por chegar, por vezes vencida nas escadas, carros e salas. Lembranças das lágrimas engendradas. Do fim. Lembrança do passado. Do quanto é bom ter passado. Se amores fossem como filhos, faríamos como Vinícius: “Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos. Como sabê-lo?...Que coisa louca. Que coisa linda. Que os filhos são!”
Roberta Valentim
segunda-feira, junho 18, 2007
segunda-feira, junho 04, 2007
Maria e João
João tinha 45 anos. Maria apenas 26.
Ele possuia um amor intenso. Ela não queria ser sua posse.
João pensanva ser um marido perfeito. Maria não suportava seus apelos.
Ele a vigiava noite e dia. Ela não mais o temia.
João morria de ciúmes. Maria acreditava no cônjuge.
Ele perdia a cabeça. Ela não baixava a guarda.
João a esperava contando as horas. Maria perdia o tempo.
Ele a queria só para ele. Ela a queria para ele e para ela.
João não aceitava a juventude. Maria não olhava as rugas.
Ele não saia com ela. Ela não deixa de ir.
João não a fazia feliz. Maria continuava a investir.
Ele se sentia culpado. Ela não parava de rir.
Roberta Valentim
(inspirado na música Mil Perdões de Chico Buarque)
terça-feira, maio 29, 2007
Cada Lugar Na Sua Coisa
(Sérgio Sampaio)
Um livro de poesia na gaveta não adianta nada
Lugar de poesia na calçada
Lugar de quadro é na exposição
Lugar de música é no rádio
Ator se vê no palco e na televisão
O peixe é no mar
Lugar de samba enredo é no asfalto
Lugar de samba enredo é no asfalto
Aonde vai o pé arrasta o salto,
Lugar de samba enredo é no asfato
Aonde a pé vai se gasta a sola
Lugar de samba enredo é na escola
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Sampaio
(Sérgio Sampaio)
Um livro de poesia na gaveta não adianta nada
Lugar de poesia na calçada
Lugar de quadro é na exposição
Lugar de música é no rádio
Ator se vê no palco e na televisão
O peixe é no mar
Lugar de samba enredo é no asfalto
Lugar de samba enredo é no asfalto
Aonde vai o pé arrasta o salto,
Lugar de samba enredo é no asfato
Aonde a pé vai se gasta a sola
Lugar de samba enredo é na escola
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Sampaio
quinta-feira, maio 24, 2007
" De tanto não poder dizer,
Meus olhos deram de falar.
Só falta você ouvir."
"ainda me viro
e me vejo
pronta a te chamar
a te contar
que aprendi hoje
coisas que você soube
ainda te vejo
em cada bicho
em cada pensamento
me surpreendo olhando
com teus olhos de pesquisa
e o que vejo
vira beleza
ainda te sinto
em tudo que permanece
como se tua pressa
de vida que se extingue
ficasse um pouco em tudo
ainda"
(livro Pelos Pêlos)
que importa o sentido se tudo vibra?
(livro Paixão Xama Paixão)
Poemas de Alice Ruiz
Meus olhos deram de falar.
Só falta você ouvir."
"ainda me viro
e me vejo
pronta a te chamar
a te contar
que aprendi hoje
coisas que você soube
ainda te vejo
em cada bicho
em cada pensamento
me surpreendo olhando
com teus olhos de pesquisa
e o que vejo
vira beleza
ainda te sinto
em tudo que permanece
como se tua pressa
de vida que se extingue
ficasse um pouco em tudo
ainda"
(livro Pelos Pêlos)
que importa o sentido se tudo vibra?
(livro Paixão Xama Paixão)
Poemas de Alice Ruiz
terça-feira, maio 08, 2007
As faces se juntaram
As línguas deslizaram pelos corpos
Pela alma
O gosto deixado na boca e na carne
Era o desejo pedindo ao amor
Um pouco de espaço
Para voltar sem cansaço
Ao lar tão prezado
E ao acordar
Ficou sem saber
Por um minuto que seja
Se era sonho
Ou se ali ao lado
Dormia o amado.
As línguas deslizaram pelos corpos
Pela alma
O gosto deixado na boca e na carne
Era o desejo pedindo ao amor
Um pouco de espaço
Para voltar sem cansaço
Ao lar tão prezado
E ao acordar
Ficou sem saber
Por um minuto que seja
Se era sonho
Ou se ali ao lado
Dormia o amado.
Roberta Valentim
sexta-feira, maio 04, 2007
a profundidade de Lispector
O NASCIMENTO DO PRAZER
(Clarice Lispector)
"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."
(Clarice Lispector)
"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."
segunda-feira, abril 23, 2007
Carioca
"...
Mais que na lua ou no cometa
Ou na constelação
O sangue impresso na gazeta
Tem mais inspiração
No bucho do analfabeto
Letras de macarrão
Letras de macarrão
Fazem poema concreto
..."
A bela e a fera
Edu Lobo e Chico Buarque
Emoções singulares
Diversos olhares
Um desejado
Todos ovacionados
Alegria compartilhada
Canções consagradas
Noite feliz
Um clique
Sem cheese
Mais que na lua ou no cometa
Ou na constelação
O sangue impresso na gazeta
Tem mais inspiração
No bucho do analfabeto
Letras de macarrão
Letras de macarrão
Fazem poema concreto
..."
A bela e a fera
Edu Lobo e Chico Buarque
Emoções singulares
Diversos olhares
Um desejado
Todos ovacionados
Alegria compartilhada
Canções consagradas
Noite feliz
Um clique
Sem cheese
quarta-feira, abril 18, 2007
A areia estava fria. Seus pés conseguiam, inexplicavelmente, sentir cada grão do enorme tapete pálido iluminado pelos últimos raios antes do deitar do sol. Suas mãos seguravam sandálias de couro e o resto de esperança do seu ser.
As ondas que vinham acariciar suas pernas brancas pareciam querer levar a frustração e a angústia da vida adulta.
Quando criança as ondas eram bem mais simples. Não tinham o peso da revelação, da transformação íntima. Apenas revelavam os pequeninos buracos dos tatuís que ali residiam...
As ondas que vinham acariciar suas pernas brancas pareciam querer levar a frustração e a angústia da vida adulta.
Quando criança as ondas eram bem mais simples. Não tinham o peso da revelação, da transformação íntima. Apenas revelavam os pequeninos buracos dos tatuís que ali residiam...
quinta-feira, abril 12, 2007
terça-feira, março 27, 2007
sexta-feira, março 02, 2007
É Ele. O Leminski.
Profissão de febre
(La vie en close)
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento.
...
Sem Budismo
(Distraídos venceremos)
Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero, Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.
...
eu ontem tive a impressão
que deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos
quem sou eu pra falar com deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus
(Distraídos venceremos)
Poemas de Paulo Leminski dos livros La vie en close e Distraídos venceremos.
(La vie en close)
quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento.
...
Sem Budismo
(Distraídos venceremos)
Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero, Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.
...
eu ontem tive a impressão
que deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos
quem sou eu pra falar com deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus
(Distraídos venceremos)
Poemas de Paulo Leminski dos livros La vie en close e Distraídos venceremos.
quinta-feira, fevereiro 22, 2007
Milágrimas (Alice Ruiz)
"Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre"
"Em caso de dor ponha gelo
Mude o corte de cabelo
Mude como modelo
Vá ao cinema dê um sorriso
Ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo
Se amargo foi já ter sido
Troque já esse vestido
Troque o padrão do tecido
Saia do sério deixe os critérios
Siga todos os sentidos
Faça fazer sentido
A cada mil lágrimas sai um milagre
Caso de tristeza vire a mesa
Coma só a sobremesa coma somente a cereja
Jogue para cima faça cena
Cante as rimas de um poema
Sofra penas viva apenas
Sendo só fissura ou loucura
Quem sabe casando cura
Ninguém sabe o que procura
Faça uma novena reze um terço
Caia fora do contexto invente seu endereço
A cada mil lágrimas sai um milagre
Mas se apesar de banal
Chorar for inevitável
Sinta o gosto do sal do sal do sal
Sinta o gosto do sal
Gota a gota, uma a uma
Duas três dez cem mil lágrimas sinta o milagre
A cada mil lágrimas sai um milagre"
terça-feira, fevereiro 06, 2007
segunda-feira, janeiro 08, 2007
férias
Mochila nas costas
Pensamento quilômetros afora
Caderno pequeno no bolso
Vontades que divertem o povo.
Pensamento quilômetros afora
Caderno pequeno no bolso
Vontades que divertem o povo.
Roberta Valentim
(nas férias deixo o virtual por um pedaço de papel)
Assinar:
Postagens (Atom)