sexta-feira, setembro 21, 2007

Ela balançara no trapézio por horas e horas. O azul colado no corpo reluzia nos pequenos cristais espalhados no picadeiro. Suas pernas enroscadas pareciam tentar abraçar seus apelos, evitando que eles deslizassem sobre sua pele junto com o suor. Sozinha no céu imaginário tentava controlar seus medos, da vida e da morte. Suas mãos que sempre foram firmes, diferente do seu coração, que ora dançava forte, ora desfalecido, se mostraram frágeis, inseguras. Anos de exercícios, para não deixar seu íntimo dominar o espetáculo, esvaíram no trocar de mãos. E seu corpo pareceu flutuar, até deitar no chão e, por um segundo, a face corar.


Roberta Valentim

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