sexta-feira, março 02, 2007

É Ele. O Leminski.

Profissão de febre
(La vie en close)

quando chove,
eu chovo,
faz sol,
eu faço,
de noite,
anoiteço,
tem deus,
eu rezo,
não tem,
esqueço,
chove de novo,
de novo, chovo,
assobio no vento,
daqui me vejo,
lá vou eu,
gesto no movimento.

...

Sem Budismo
(Distraídos venceremos)

Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero, Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.

...

eu ontem tive a impressão
que deus quis falar comigo
não lhe dei ouvidos
quem sou eu pra falar com deus?
ele que cuide dos seus assuntos
eu cuido dos meus


(Distraídos venceremos)

Poemas de Paulo Leminski dos livros La vie en close e Distraídos venceremos.

3 comentários:

Anônimo disse...

muito bom!

betita disse...

"não fosse isso
e era menos
não fosse tanto
e era quase"

dele pra gente.

chêro!

Ivana de Souza disse...

"Se nãofosse pra doer, não seria coração, seria fígado."
;) :*