"Estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro".
(Clarice Lispector. Paixão Segundo G.H)
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3 comentários:
minha linda... me impressiona como os textos de Clarice refletem uma situação tão próxima das nossas conversas. poderia até dizer que seriam seus esses textos...
Chêro
Não teria esse dom, de escrever como ela. Mas, sim, os textos refletem muito o que vivo, o que vivemos e refletimos. É impressionante, mas começo a ter em mim muita coisa dela. Acho que a grandiosidade da sua obra é exatamente essa, aproximar você, dela, dos personagem, das histórias, dos sentimentos, da essência, do humano.
Eita... tô lendo esse livro. :)
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