A jovem elite se cerca da beleza industrial para viver seus dias de rainha. Circula entre bares da moda, shoppings centers, salões de beleza, academias de ginástica, boates, mas quando entra no seu “peugeot”, esquece o outro lado, a rua, os sinais, as pessoas que criam o cenário principal da sociedade. A jovem não olha e nem reconhece aquele “menino” como um semelhante, apenas se distancia da realidade, para não entrar em contato com esse outro. Esse distanciamento, esse alheamento gera um sentimento de que o outro não deve ser respeitado fisicamente e moralmente. Diversas vezes essa jovem elite, revoltada por ter sido privada de algo do seu mundo encantado, verbalizou esse sentimento. Outras vezes, demonstra em ações o seu “distanciamento”, sua não “igualdade humana” em relação aos sócios-economicamente desfavorecidos: - pensava que era apenas um mendigo! Lembram?
O modelo de vida da elite, suas normas de comportamentos, suas aspirações são objetos de desejo, o dito ideal, e todos, os “meninos”, a elite baixa, alta, pequena, grande, querem esse ideal. A elite desfila com seu credit card na mão, e o menino nem dinheiro para o pão tem. Enquanto a elite se nega a enxergar o que lhe cegam os olhos, os “meninos” também se negam a enxergar o direito de uma loira sarada falar ao seu celular enquanto caminha na praia de Boa Viagem*.
O abismo criado entre a elite e o menino aumenta o “bandidismo”, conseqüentemente, o medo da sociedade. A elite negava a presença dos “meninos”, hoje os “meninos” negam a “presença humana” da elite, são ou somos, apenas objetos de roubo, corpos para atrocidades e sujeitos para consumir o que eles tem para oferecer.
* relato da revolta de um garoto, de um centro de reabilitação para menores infratores, quanto foi questionado o motivo do roubo. “Aquele galera desfilando com o celular, onde ela pensa que tá”.
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9 comentários:
"I blog because... - I enjoy the process of writing. - I know that people enjoy reading what I write,"
cheesecake great recipe
:s????
Questão delicadíssima, Beta. O argumento inicial é esse, mas é difícil excluir os que têm a marginalidade circulando nas veias. Sejam pobres ou ricos.
Hoje passei toda a manhã dentro do carro com a madre, a procurar alguns materiais de construção. Num dado momento, inventei de pegar um atalho por uma área 'nunca dantes navegada' da Várzea - o Ninho das Cobras, Brasilit. De repente, abriram-se outras tantas ruelas e que emaranhavam-se de tal maneira que em 10 segundos eu já estava perdido. Ao pararmos para tomar informações, instantaneamente senti-me como um incômodo invasor, algo como 'esse galego tá pedindo...'.
É esse o mundo que vivemos hoje. Uma série de territórios demarcados virtualmente (uns fixos, outros móveis) cujos donos são aquela maioria que se sente de alguma forma unida (pois os pobres são muito, mas muito mais unidos). Embora não saibam como mudar o país com essa união, são a massa que tem suas próprias leis e riscos, direitos e deveres.
E esse 'cheesecake' é um prego fazendo spam pelo mundo inteiro.
Tia Lu vacilou e o boysinho levou o celular dela também.
Beijos.
Julgamos o governo. Dissemos que a violência é culpa disso e daquilo outro, mas não paramos para pensar que também somos responsáveis por isso. Direta ou indeteramente, consumidores alienados ou não a industria cultura, escravos ou não do consumo, da sociedade narcísica. Não é abrir um sorriso quando alguém coloca um berro na sua cara, mas tentar refletir e modificar algumas coias ao nosso lado.
não é governo em si, não é a igreja em si, não é a sociedade em si. esses grupos na verdade não são nada se não possuem o poder do foco.
sim, o problema é a mídia, a propaganda, a velha propaganda que a igreja criou quando ela era o governo e sociedade. hoje, todas elas desarticuladas, mofadas, falidas, tornaram-se vítima da própria criação, comprando e vendendo coisas que aparecem, e aparecem, e iludem, e deflagram a crise da realidade. De um lado as novelas-pão, as igrejas universais-circo, e vice-versa, dependendo do seu 'nicho' social, das lojas que você vai, do seu carro, do seu celular. É a mídia a arma, as balas e um sorriso sensual no gatilho.
ou, o que fazem tantos publicitários em tantas CPIs?
A vilã da vez: mídia.
Assim como bancos e igrejas, tem seu papel na sociedade, mas nem sempre está nas mãos mais íntegras...
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