sexta-feira, outubro 20, 2006

volte!

Sinto falta da dor que aqui fez sua morada.
Parece que arrumou as malas e pegou a estrada.
Sem aviso prévio deixou meu peito sem remédio.
A dor de tantas queixas
Era o consolo e minha existência
Hoje não tenho mais dor
Nem o belo amor.
E o pior de tudo
A fonte das entrelinhas
Definitivamente, secou.

Roberta Valentim
"gosto de me ver chorar"

terça-feira, outubro 03, 2006

Notre Musique

Há muito tempo não assistia a um filme que me prendesse ao ponto de anotar algumas falas dos personagens. Sinceramente, acho que isso nunca me aconteceu. De fato, gostaria de ter transcrito muito mais.
Os personagens são riquíssimos e essencialmente autênticos, característica de Godard, que diz não distanciar por completo o ator do personagem. Fato evidenciado na sua participação no longa-metragem.
O filme é extraordinário e merece ser visto ora com olhos abertos, ora fechados.
Uma obra-prima, Nossa Música.

“Se nossa época alcançou uma interminável força de destruição é preciso fazer uma revolução que crie uma indeterminável força de criação, que fortaleça as lembranças, que delineie os sonhos, que materialize as imagens”.

“Uma jovem católica alemã em 1943 disse: O sonho do indivíduo é ser dois. O sonho do Estado é ser um só. Ela foi decapitada”. A cena não é mostrada no filme, mas foi imaginada.

“O mundo em que vivemos necessita desesperadamente, para subsistir da existência de pessoas pacíficas e de poetas ...”.

Numa conferência sobre texto e imagem Godard fala mostrando algumas imagens:

“Em 1948 os israelitas entram na água rumo à terra prometida.
Os palestinos entram na água rumo ao afogamento.
Campo e contracampo.
O povo judeu se torna ficção.
O povo palestino, documentário”.

“Os fatos falam sobre si. Infelizmente não por muito tempo, porque o campo do texto já havia coberto o campo da visão”.

Outro exemplo que o cineasta expõe para mostrar os elementos básicos da gramática cinematográfica:

Um sábio alemão diz que o castelo de Elsinore não tem nada de extraordinário (mostrando as imagens), então, um físico dinamarquês responde: Sim, mas basta dizer “o castelo de Hamlet” e ele se torna extraordinário.

Elsino: o real
Hamelt: o imaginário

Campo e contracampo

Imaginário: certeza
Real: incerteza


“A verdade tem duas faces”