Há muito tempo não assistia a um filme que me prendesse ao ponto de anotar algumas falas dos personagens. Sinceramente, acho que isso nunca me aconteceu. De fato, gostaria de ter transcrito muito mais.
Os personagens são riquíssimos e essencialmente autênticos, característica de Godard, que diz não distanciar por completo o ator do personagem. Fato evidenciado na sua participação no longa-metragem.
O filme é extraordinário e merece ser visto ora com olhos abertos, ora fechados.
Uma obra-prima,
Nossa Música.
“Se nossa época alcançou uma interminável força de destruição é preciso fazer uma revolução que crie uma indeterminável força de criação, que fortaleça as lembranças, que delineie os sonhos, que materialize as imagens”.
“Uma jovem católica alemã em 1943 disse: O sonho do indivíduo é ser dois. O sonho do Estado é ser um só. Ela foi decapitada”. A cena não é mostrada no filme, mas foi imaginada.
“O mundo em que vivemos necessita desesperadamente, para subsistir da existência de pessoas pacíficas e de poetas ...”.
Numa conferência sobre texto e imagem Godard fala mostrando algumas imagens:
“Em 1948 os israelitas entram na água rumo à terra prometida.
Os palestinos entram na água rumo ao afogamento.
Campo e contracampo.
O povo judeu se torna ficção.
O povo palestino, documentário”.
“Os fatos falam sobre si. Infelizmente não por muito tempo, porque o campo do texto já havia coberto o campo da visão”.
Outro exemplo que o cineasta expõe para mostrar os elementos básicos da gramática cinematográfica:
Um sábio alemão diz que o castelo de Elsinore não tem nada de extraordinário (mostrando as imagens), então, um físico dinamarquês responde: Sim, mas basta dizer “o castelo de Hamlet” e ele se torna extraordinário.
Elsino: o real
Hamelt: o imaginário
Campo e contracampo
Imaginário: certeza
Real: incerteza
“A verdade tem duas faces”