terça-feira, agosto 28, 2007

Na cama vazia
Laços desfeitos
Enrolam os sonhos
Revelia



Roberta Valentim

segunda-feira, agosto 27, 2007

P. Leminski

"Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança:
estar sempre alegre,
nunca ficar inativo
e chorar com força por tudo o que se quer."

quinta-feira, agosto 23, 2007

Poemeto

Nua nebulosa
Noite embriagada
Foste o que tinha de ser

por Betita, Ninha, Marcio e Elis Regina

terça-feira, agosto 14, 2007

Ventura

Dentro do ônibus ela observara a chuva lavar as janelas empoeiradas e molhar os pés, vestidos de chinelos e sofrimento, das pessoas daquele vilarejo. Cada solavanco na estrada velha e cindida a remetia aos seus dias e noites intermináveis de vazio, buracos. Assustadoramente, o lugar em que iria passar seis meses da sua vida se mostrou, naquele momento, um retrato do seu presente. Frio, molhado, triste, desfigurado.
Com o peito repleto de angústia e solidão colocou seus pés, semelhantes e tão distintos das outras pessoas, na pequena Ventura.
A chuva parecia não ter fim, causando um estranhamento na moça da cidade. Pois, como poderia chover tanto no sertão do Pajeú? Sem procurar compreender o que a natureza revelava, desceu pelas ruas encharcadas se deixando molhar sem ressalvas pela água inesperada. Caminhara trinta minutos sem pensar um segundo o que seria dos seus dias, da sua vida dali para frente.
Ao chegar ao quarto que seria sua morada, sentira algo que há tempos não experimentava. Inexplicavelmente, o nó que se tornou parte do seu peito havia se desfeito. Com as mãos tremulas, por não entender o que acontecera, acendera um cigarro e o prazer do trago voltou como no passado. Um, dois, três cigarros não foram o bastante para que a jovem percebesse o que acabara de acontecer.
Sentada ao pé da janela, com as faces coradas pelas revelações que se pronunciavam, chorou.
Eram lágrimas doces que deslizaram até seus lábios ressecados, como se o amargo do seu ser tivesse sido banido, lavado pela chuva. O sal da lágrima, que sempre criava uma gota branca na beira dos seus olhos, não apareceu. O gosto era suave e a sensação de tranqüilidade sinalizava um adeus ao seu sofrer.
As lágrimas não cessavam, acompanhadas de risos, soluços e reflexões. Assim como a chuva inusitada na terra seca, ingrata, o choro descontrolado anunciava, gritava a boa nova. Ventura!

Felicidade assim se faz, em qualquer lugar, basta deixar escorrer o que te faz padecer.

Roberta Valentim

terça-feira, agosto 07, 2007

quarta-feira, agosto 01, 2007

Você não ver
Que o corpo cansa
E a dor estanca.

Você não sente
Que meus dias não mentem
E que as noites são quentes.

Se não diz
Não sente
Por favor, não invente.

Assim vou me prender
Perder
E me arrepender.

Fica!
Não vai.
Mas, se não for pra ficar,
Sai.


Roberta Valentim