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Eles são
braços
pernas
olhos
ouvidos
boca
e
sentimento
amigos
são.para vocês que amo tanto
Roberta Valentim
Não há nada mais melancólico do que lembranças de amores passados enquanto os futuros não vêm. Lembrar das primeiras falas ao telefone. Daqueles deliciosos joguetes de quem desliga primeiro, de quem ama mais. Da espera da ligação esperada. Da surpresa da inesperada. Das mensagens que tiram sorrisos. Dos sorrisos que exalam verdade. Lembranças da saudade por causa de um mísero dia distante. Da angustia da incerteza do amor. Ah, essa incerteza! Como ela é bem-vinda quando se tem certeza por não existir amor. Lembrança do anoitecer e amanhecer juntos. Do café na cama. Do cheiro na roupa. Das brigas dolorosas. Das pazes saborosas. Lembrança do constrangimento ao conhecer a família do rapaz ou da mocinha. Lembrança do cuidado das enfermidades. Das horas ao lado perguntando se está doendo. Lembrança das saídas com os amigos. Das ligações na madrugada mascaradas de saudade. Lembranças das horas perdidas no espelho para escutar elogios. Das horas preparando um jantar. Com ou sem velas. Com ou sem vinhos. Lembrança dos jantares e das sobremesas. Da pressa por chegar, por vezes vencida nas escadas, carros e salas. Lembranças das lágrimas engendradas. Do fim. Lembrança do passado. Do quanto é bom ter passado. Se amores fossem como filhos, faríamos como Vinícius: “Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos. Como sabê-lo?...Que coisa louca. Que coisa linda. Que os filhos são!” Roberta Valentim