Estatura mediana. Olhos castanhos. Fios negros abaixo dos ombros e um ligeiro rosado artificial sobre a pele clara. Uma beleza comum, porém fascinante. Possuidora de mãos talentosas e de uma sensibilidade excitante. Encantava a todos com seus expressivos quadros de aquarela.
Há tempos vivendo sozinha e submersa no seu trabalho, aprendeu a sentir seu corpo e a passear pelo interior, fato este a atormentava, pois a remetia ao passado.
Hoje ela já consegue reinventar os acontecimentos de outrora e transformar o seu presente em arte. A aparente fragilidade do físico magro e indefeso esconde a vitalidade e os mistérios que existe por trás dessa jovem artista.
Passou anos vivendo intensamente cada minuto dos seus dias, mas por vezes era tomada pelas instabilidades humanas. Guardava em si uma tristeza profunda, uma busca incessante por uma felicidade irreal. De um ano para cá, começou a revelar seu lado vivo apenas nas telas, deixando para o real uma calmaria exacerbada.
No entanto, essa suposta calma era freqüentemente atropelada por seus pensamentos desejantes e instintivos. A jovem pintora era a personificação da contradição, da antítese. Entre o sim e o não, entre o dito e o não-dito, ela seguia seus dias escorregando e se agarrando no seu eu irrevelável.
(Perfil da personagem Luci de um conto não publicado)
Roberta Valentim