terça-feira, maio 29, 2007

Cada Lugar Na Sua Coisa
(Sérgio Sampaio)

Um livro de poesia na gaveta não adianta nada

Lugar de poesia na calçada
Lugar de quadro é na exposição
Lugar de música é no rádio
Ator se vê no palco e na televisão
O peixe é no mar
Lugar de samba enredo é no asfalto
Lugar de samba enredo é no asfalto
Aonde vai o pé arrasta o salto,
Lugar de samba enredo é no asfato
Aonde a pé vai se gasta a sola
Lugar de samba enredo é na escola

http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Sampaio

quinta-feira, maio 24, 2007

" De tanto não poder dizer,
Meus olhos deram de falar.
Só falta você ouvir."


"ainda me viro
e me vejo
pronta a te chamar
a te contar
que aprendi hoje
coisas que você soube
ainda te vejo

em cada bicho
em cada pensamento
me surpreendo olhando
com teus olhos de pesquisa
e o que vejo
vira beleza
ainda te sinto

em tudo que permanece
como se tua pressa
de vida que se extingue
ficasse um pouco em tudo
ainda"
(livro Pelos Pêlos)


que importa o sentido se tudo vibra?
(livro Paixão Xama Paixão)


Poemas de Alice Ruiz

terça-feira, maio 08, 2007

As faces se juntaram
As línguas deslizaram pelos corpos
Pela alma
O gosto deixado na boca e na carne
Era o desejo pedindo ao amor
Um pouco de espaço
Para voltar sem cansaço
Ao lar tão prezado
E ao acordar
Ficou sem saber
Por um minuto que seja
Se era sonho
Ou se ali ao lado
Dormia o amado.
Roberta Valentim

sexta-feira, maio 04, 2007

a profundidade de Lispector

O NASCIMENTO DO PRAZER
(Clarice Lispector)

"O prazer nascendo dói tanto no peito que se prefere sentir a habituada dor ao insólito prazer. A alegria verdadeira não tem explicação possível, não tem a possibilidade de ser compreendida - e se parece com o início de uma perdição irrecuperável. Esse fundir-se total é insuportavelmente bom - como se a morte fosse o nosso bem maior e final, só que não é a morte, é a vida incomensurável que chega a se parecer com a grandeza da morte. Deve-se deixar inundar pela alegria aos poucos - pois é a vida nascendo. E quem não tiver força, que antes cubra cada nervo com uma película protetora, com uma película de morte para poder tolerar a vida. Essa película pode consistir em qualquer ato formal protetor, em qualquer silêncio ou em várias palavras sem sentido. Pois o prazer não é de se brincar com ele. Ele é nós."