quinta-feira, setembro 28, 2006

"Joãos" do bar

“Joãos” do bar

Sai de casa
E diz que volta já
Senta no bar da esquina
E pede logo um gole de pinga.

Fala para todos
Quem ouve, quem não ouve e quem não quer ouvir
Da dor que se instalou
E que dali não quer mais sair.

Anos de desilusão
Assola aquele pobre coração
Amores perdidos em balcões
Cachaça, consolo e causa.

E agora que a vida perdeu a graça
João do bar
Come e dorme pra beber
Bebe, pra dormir e comer.

Lágrima nos olhos já não mais se sabe
Se chora pela amada perdida
Ou se pelo gosto amargo da bebida.

Coitado do João do bar
Dia desses não terá, se quer,
O seu lugar.

Roberta Valentim

quarta-feira, setembro 27, 2006



Veneta
Edu Lobo/Chico Buarque - 2001
Para o musical Cambaio, de Adriana e João Falcão

"Como num conto de fada
Ou como alguém rolando a escada
Vou pra civilização
Cabeleira incendiada
No barranco, na boléia
Uma candeia em cada mão
Eu quero um amor de primavera
Procuro letreiro de néon
Pretendo zoar a noite inteira
Preciso encontrar um homem bom
Que me deixe louca a chorar pitangas no breu
Que me beije a boca na laje do arranha-céu
E se a vida tomar jeito
Vou andar no parapeito
Com vestido de lamê
Ou sentar na esquina da fome
Da guimba, do desdém
Da gangue da Praça da Sé
Eu quero um amor de primavera
Procuro letreiro de néon
Pretendo zoar a noite inteira
Preciso encontrar um homem bom
Que estenda um tapete vermelho e me beije a mão
Que me arranque a roupa no meio da multidão"

sexta-feira, setembro 22, 2006

o crescer

Essa carência que me trava as pernas
Essa dor que corrói meu ser
Minhas limitações cultivadas
Uma planta todo dia regada
Sinaliza o meu padecer
O meu corpo amargurado
Meus sonhos desfigurados
Meu sorriso invertido
Tudo isso construído
Nesse deserto escondido
Que é o bendito crescer.

Roberta Valentim

Se tem que mudar, mude. Se tem que seguir, subverta.

o proibido virou permitido.
o perveso virou héroi.
meu diário virou um blog.
minha vida um velho e repetido rock.

(comentário complementar ao texto, E tudo mudou, de Luís Fernando Veríssimo)

Roberta Valentim

quarta-feira, setembro 20, 2006

é melhor assim

GERÂNIO
(Nando Reis/Marisa Monte/Jennifer Gomes)

“Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente

Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista

Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda

...

e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro mas prefere cinema

Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você

Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda”

quinta-feira, setembro 14, 2006

pétalas no jardim

Por que falar de dor
Se a dor não vai
Nem volta mais.
Por que falar de dor
Se a dor não dói
E tanto faz
De tanto procurar o que me traz amor e paz
Eu quase percebi que só você é de valer
Agora que perdi
O que fazer para sorrir
E nessa de querer
Eu vivo só
Sem sucumbir
Até eu encontrar
O que sou eu
Pra resumir
Mas são elas
As pétalas no jardim
Que dizem muito mais de mim.

Roberta Valentim
Quem é do Amor
(Sergio Sampaio)

quem é do amor não engana
ama mesmo as duras penas
por isso não são pequenas
as doces vezes do amor
quem é do amor é mais quente
viaja contra a corrente
tem sangue de aguardente
nas dices velas do amor
quem é do amor tem o nome
de raoni da floresta
ruschi do espírito santo
da medicina da selva
quem é do amor é mais simples
tem uma cara de nuvem
e não permite que sujem
o verde da sua relva
quem é do amor somos nós
consolo dos idiotas
chave de se abrir as portas
dupla que se satisfaz
que amor assim é pros vivos
pros rituais pros sentidos
não é para ser escrito
não é para os livros que se faz